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segunda-feira, 4 de março de 2013

Como o Brasil e o PT mudaram juntos na última década


A conjuntura brasileira dos últimos 10 anos pode ser descrita assim: há menos pobres, mais emprego e um salário mínimo com ganhos reais; há também um mercado consumidor mais amplo, mais facilidade para investir e inflação, em certo sentido, sob controle; continuamos, entretanto, um país sob o signo de uma desigualdade brutal, com índices de violência que são um afronta à juventude, além disso nossos estudantes ainda não entendem o que leem e grande parte do território nacional permanece sem acesso a água e esgoto.
Esse cenário, com seus avanços evidentes e impasses desafiadores, se deve a diversos fatores, entre os quais muitos apontam para o Partido dos Trabalhadores (PT). Ao subir ao poder com Lula da Silva, o partido dá provas de que as bandeiras dos anos 1980 haviam ficado para trás. Compõe chapa com megaempresário, alia-se a partidos de direita, expulsa membros rebeldes, aprofunda um modus operandi que o transforma em uma das maiores agremiações políticas do Brasil.

Para isso, o PT precisou, principalmente, cortar na própria carne. O primeiro governo Lula, com a explosão do escândalo do mensalão em 2005, abalou de modo definitivo a imagem de partido puro, sem erros ou vícios. Assim, vai perdendo membros antigos, a maioria que decide sair por conta própria, indisposta à guinada ao centro que só vai aprofundar ao longo da década.
Aderido plenamente à institucionalidade e a burocracia do governo, distribuiu cargos e benesses com a justificativa da governabilidade. Com o tempo, embora haja ainda algum diálogo com os movimentos sociais, a base do partido deixa de ser apoiada pela militância. Passa a não mais depender da estrutura da militância para sobreviver como partido, pontua o professor do departamento de Ciência Política da Universidade de Fortaleza (Unifor), Francisco Moreira. O próprio financiamento que vai gerir o PT deixa de ser dos militantes, como informa André Singer no livro Os sentidos do Lulismo.
Mas é exatamente um partido disposto, ou melhor, ávido pelo poder e pela manutenção dele que conseguiu reeleger Lula em 2006 e garantir Dilma em 2010, uma figura até então inexpressiva publicamente. É esse PT que faz inúmeras alianças para sobreviver que pôde realizar mudanças no País. Internamente em disputa simbólica entre o PT que foi e o PT que é, o partido mudou o Brasil, em muitos sentidos, para melhor. Mas não tanto quanto ele próprio sofreu uma metamorfose, trocando o papel de oposição da ética por a de um partido de massa, em profunda transformação.

ENTENDA A NOTÍCIA


O que o Brasil é hoje deve-se em boa medida ao Partido dos Trabalhadores, que completa em 2013 10 anos à frente do Executivo nacional. Há uma relação direta entre as mudanças do partido e as transformações do País.
Fonte: O Povo