Alessandro Bianchi/Reuters |
Um dos candidatos apontados entre os
principais “papáveis” deste conclave é o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom
Odilo Scherer. É a primeira vez que um brasileiro é tão falado e apontado em
uma eleição para líder da Igreja Católica. Mas podemos citar algumas razões
para isso.
1 – Experiência pastoral
Dom Odilo é bispo de diocese, diferentemente de outros candidatos, como o
cardeal italiano Gianfranco Ravasi (apontado como um dos papáveis). Ravasi
nunca teve uma atividade pastoral significativa. pois sempre foi professor. É
como se fosse um general que nunca comandou uma tropa.
Já Dom Odilo foi padre no
interior do Brasil, depois se tornou professor e formador em grandes cidades,
como Curitiba e Londrina. Foi ainda bispo auxiliar de São Paulo e, por fim,
arcebispo de São Paulo. Tem um currículo pastoral grande, tanto nas áreas
rurais, quanto nas áreas urbanas. Tem um perfil diferenciado dos demais
cardeais.
2 – Formação humanística
Tem uma formação sólida não somente em pedagogia, mas em filosofia e teologia.
Defendeu uma tese de doutorado brilhante na Pontifícia Universidade Gregoriana,
de Roma, sobre o tema cristologia. Isso dá a ele um porte significativo, um
laço cultural e intelectual muito fortes.
3 – Homem forte da CNBB
Foi secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a
segunda maior conferência episcopal do mundo (atrás apenas da Itália). Com seu
trabalho, projetou seu nome junto à nunciatura (representante do Vaticano no
Brasil) e também se tornou conhecido em muitas dioceses pelo mundo. Como
secretário, foi responsável pela articulação da CNBB. Atuou como se fosse o
“primeiro-ministro” do organismo.
4 – Fluente em seis idiomas
Dom Odilo domina o português, espanhol, alemão, italiano, francês e inglês.
Isso dá a ele uma maior facilidade de comunicação, uma abordagem direta muito
grande com interlocutores, facilitando o diálogo dele com as várias partes do
mundo.
5 – Trabalho na Cúria Romana
Conhece as engrenagens do Vaticano, pois trabalhou sete anos junto à
Congregação dos Bispos, considerada uma dos mais importantes dicastérios e tem
laços com os demais ministérios da Igreja, como a Secretaria de Estado. Tinha
um trânsito bom na Santa Sé, conhece grande parte dos oficiais que trabalham
lá.
6 – Perfil conservador
É uma pessoa que não é dada a excessos, extremamente prudente. Mas não
significa que seja um reacionário. É alguém que quer a renovação, mas não é um
vanguardista. Não vai abrir mão das convicções da Igreja, como ser contrária ao
casamento homossexual e ser favorável à manutenção da família. Dom Odilo
admite a renovação da Cúria, das pastorais, dos procedimentos da Igreja, mas
quer que isso seja feito de modo controlado, no seu devido tempo.
7 – Homem jovem
Aos 64 anos, é alguém com um bom pique para o trabalho. Muito organizado,
metódico e eficiente no que faz e nas missões que a igreja confia a ele. Onde
põe a mão, geralmente dá certo.
8 – Origem europeia
Vem de uma família religiosa, de origem alemã, unida e numerosa. A Igreja vê
com bons olhos este fato. É um europeu transplantado ou seja, um
latino-americano que não está ligado a movimentos sociais de vanguarda, à
teologia da libertação e não tem um descuido com a doutrina. Isso faz com que
ele receba muitos votos de europeus. As pessoas têm medo de um cardeal que
tenha muito contato com partidos populistas ou sindicatos. É uma tarefa que não
é para bispos, mas para leigos
9 – Entendimento da América Latina, África e Ásia
Estuda os problemas da Igreja nesses continentes e pode ser um porta-voz dessas
regiões até então marginalizadas na Cúria Romana. É um grande conhecedor da
Amazônia, das tribos indígenas. Isso é novidade na Cúria, já que não sabem nem
que há pobreza no mundo. Dom Odilo circula nesse ambiente
10 – Vem do maior país católico do mundo
O fato dele vir do Brasil pode significar uma maior criatividade e inventividade
na Igreja. Está faltando criatividade no Vaticano para pastoral, para o
diálogo, para renovação. A Cúria Romana precisa de um bispo de fora, que traga
fantasia para ampliar a vida missionária da Igreja e abrir novas perspectivas.
A Europa já demonstrou cansaço para isso.
11 – Tem “torcida”
Há pessoas no Brasil e fora dele que torcem em favor de Dom Odilo para que ele
seja eleito Papa. Jogar sem torcida é um desastre. A política em favor dele é
pode dar um bom resultado. Um dos maiores articuladores de Dom Odilo é o
cardeal Dom Geraldo Majella (arcebispo emérito de Salvador). É um “mineirinho”
que sabe fazer política, mesmo aparentando inocência.
Fonte: G1